O rio Antuã nasce nas imediações de Romariz (Santa Maria da Feira) e desagua a SW de Estarreja, na Ria de Aveiro, depois de banhar São João da Madeira, Oliveira de Azeméis e Estarreja.
Se o termo central da afirmação anterior (desagua a SW de Estarreja, na Ria de Aveiro) não levanta qualquer celeuma, já o seu percurso a montante é polémico. Na área da freguesia de Ul dá-se a confluência de dois cursos de água: um proveniente do Norte, seguindo a direcção que o rio manterá para jusante; o outro proveniente de Nordeste. Ambos os cursos de água têm um caudal e uma dimensão relativamente próximas, e esta, parece-me, é a verdadeira causa da celeuma. Afinal, trata-se de decidir: qual dos dois braços (chamemos-lhes assim) é o afluente? O que provém de S. João da Madeira, do Norte, ou o que banha Carregosa, a Nordeste? Da resposta a esta questão dependerá o direito à designação "Antuã". Nos levantamentos realizados pela Direcção-Geral dos Recursos Hidráulicos e nas Cartas do Instituto Geográfico do Exército, bem como pela observação a olho nú de qualquer carta, parece claro que o braço N é o rio principal, logo, o Antuã. É assim que este braço é designado, de resto, por grande parte (senão a generalidade) da população que banha. Por outro lado, entre as populações de Carregosa e de Fajões, o Rio Ínsua (como é oficialmente designado o braço NE) é também conhecido por Antuã. Esta é a tese que defendem aqueles para quem o braço N se chama, afinal, "Rio Ul". Este "lobbie", apoiado, supostamente, em documentos históricos (mas sabemos como são, tantas vezes, frágeis este tipo de argumentações), já conseguiu uma vitória junto da Câmara Municipal de S. João da Madeira, a qual decretou, recentemente, a mudança do nome do seu rio de "Antuã" para "Ul". Se esta decisão e o "lobbie" que a apoiou são questionáveis, é inegável a frequência como que este braço é referido como "Ul" e o braço NE como "Antuã".
Em que ficamos? O autor destas linhas tende para a versão oficial (rio Antuã a Norte, banhando S. João da Madeira) mas não despreza outras versões. Assim, propõe uma solução "à moda do Nilo": várias nascentes para o mesmo rio, pelo que as designações dos dois braços poderiam ser algo como: "Antuã (Ul)" para o braço N e "Antuã (Ínsua)" para o braço NE. Afinal, esta seria, provavelmente, a solução que melhor faria justiça quer aos documentos históricos, quer aos trabalhos hidro-cartográficos, quer às tradições orais.
Em todo o caso, este blog é dedicado á bacia hidrográfica do Rio Antuã, incluindo, pois, quer o braço principal (caso exista e seja ele qual for), quer os seus afluentes, com as suas respectivas belezas.